Porto Alegre, Arena do Grêmio, 21 de setembro de 2016. São quase 22 horas da noite.
Weverton, goleiro do Atlético Paranaense faz sinal ao seu treinador, pedindo autorização para cobrar o pênalti.
É a sétima cobrança da decisão, entre Grêmio e Atlético Paranaense, por uma vaga nas quartas-de-final da Copa do Brasil.
O Grêmio amarga longos 15 anos sem títulos no cenário nacional ou internacional.
Essa noite estreia Renato Gaúcho no comando técnico do Grêmio. Uma nova história começa a ser construída no Grêmio.
Uma cobrança de penalidade, que lá em 2016 poderia ter mudado o destino do Grêmio. Uma única cobrança, cujo resultado ainda ecoa nos dias de hoje.
Naquela fase da Copa do Brasil, o Grêmio havia vencido o jogo da ida em Curitiba pelo placar de 1 x 0, gol do colombiano Bolaños. E nessa noite, no jogo da volta, o CAP acabava de devolver o placar em gol de André Lima na falha grotesca do goleiro Marcelo Ghroe.
A decisão por pênaltis já se encontrava na fase das cobranças alternadas, depois de empatar em 2 x 2 nas 5 primeiras cobranças.
Como o Grêmio com Kannemann já havia desperdiçado a sua cobrança, bastava ao goleiro Weverton converter a penalidade e pronto: o Grêmio estaria eliminado e o CAP avançaria para enfrentar o Palmeiras nas quartas-de-final.
Weverton faz a cobrança e Ghroe defende.
Na sequência, o atacante Guilherme do Grêmio marcaria e Paulo André, acertando a trave selaria a classificação do Grêmio.
Na continuação daquele ano, o Grêmio consagra-se campeão da Copa do Brasil em 2016. E graças a esse título, o Grêmio se classifica para a Libertadores da América em 2017. O Grêmio então vence (com méritos) a Copa Libertadores em 2017. E por conquistar a Libertadores, disputa e ganha a Recopa da América em 2018.
Três grandes conquistas que poderiam não ter acontecido, se a cobrança de Weverton tivesse terminado no fundo da rede. Um detalhe que mudou a história. Como tantos outros do futebol.
A bola na trave, a defesa milagrosa, o pé salvador do zagueiro sobre a linha. O passe errado, o cruzamento certeiro, o esforço recompensado de recuperar uma bola perdida.
Futebol é detalhe.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, e vindo do interior. Um dos milhões de apaixonados por futebol nesse quintal chamado terra. Torcedor do Grêmio no Brasil, do Racing na Argentina e do Millonarios na Colômbia, vivi em 5 países da América Latina e conheci o futebol latino na sua raíz. E aprendi a ler o jogo.